terça-feira, novembro 23, 2004

So called chaos



A noção do caos ( matematicamente falando) questiona a possibilidade de fazer previsões a longo prazo em qualquer tipo de sistemas.
Não é uma noção linear, dada a quantidade de variáveis que podem surgir a qualquer instante e desviar a acção do seu rumo original.
A aplicação práctica do caos é bastante interessante...
Vivemos num sistema caótico desde que practicamente somos depositados no mundo. Crescemos a tentar definir um padrão de vida, uma conduta, um futuro. Procuramos a ordem e o equilibrio, a segurança! Criamos expectativas, cultivamos ansiedades e vivemos num frenezim constante. Tentamos definir rumos, projectar o destino... tentamos controlar a vida. E a cada momento, somos torpedeados por factores externos que nos levam a enverdar por atalhos ou a arrepiar caminho, ao invés de seguir em frente conforme o planeado. Criamos assim "alternative paths", desviamo-nos do padrão estabelecido, deixando no ar dúvidas que nos acompanham á medida que avançamos. "E se tivessemos feito isto, ou aquilo? Não teria sido melhor, a minha vida não seria diferente? Terei tomado a atitude e a decisão certa?".
É o clássico "What if.."!
Existe ainda uma outra teoria, segundo a qual um acontecimento aparentemente insignificante pode provocar uma cadeia de acontecimentos com resultados imprevisíveis a longo prazo.
Na práctica, nada mais do que isto: cada acção tem consequências e é impossível medi-las na sua real extensão. Logo, todas as previsões são falíveis!
Procurar controlar o rumo dos acontecimentos é irresitível mas tende a revela-se uma tentação inglória. Ao contrário do que somos levados a crêr, o caos não é inimigo da ordem: ambos são complementares. E tentar forçar a ordem no meio do caos pode criar ainda situações ainda muito mais... caóticas.
Seria mais fácil se vivessemos numa sociedade que compreendesse melhor o caos. Talvez assim conseguissemos aceitar cada momento, aquilo que se tem e se é, ao invés de tentar controlar aquilo que se poderia vir a ser.
Se pudessemos simplesmente fluir e saborear o momento, o aqui e agora, talvez não precisassemos de procurar, em vão, controlar o que pode ser o futuro...


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