quinta-feira, julho 31, 2008

Why so serious ? ...

Apreensivo, lá fui ver o Batman.
Passado o histerismo das primeiras semanas, já foi possível evitar telemóveis, pipocas ao rubro e baldes de coca-cola transformados em autênticos sorvedouros. E à meia-noite e meia, lá seguimos para bingo. Como não gostei do último, aguardava pelo primeiro deslize do realizador. Talvez por isso tenha demorado quase metade do filme a tentar entrar nele e a situar-me. Não conseguia apanhar o ritmo mas, de repente, houve um click e tudo engrenou e começou a fazer sentido.
No final, ás 03H15 da manhã, não houve como negar: o filme justifica todo o “buzz” gerado e os recentes recordes de bilheteira.
Transcende o típico filme de super-heróis, de anti-heróis ou adaptações teenagers de Comic books, entafulhadas em CGI. Está muito para além disso: é um tratado adulto sobre as trevas nos tempos modernos e não é um filme negro, de todo: antes de um cinzento aterrador que torna impossível demarcar limites onde quer que seja.
O crescendo de caos que se instala com a chegada do Joker e a sordidez das suas “partidas” prova que ainda é possível ser-se surpreendido no cinema actual. De resto, nada é previsível neste filme, nem mesmo quando a cena da resolução do conflito entre os dois barcos por um dos prisioneiros (vale o filme!) parece indicar o final. Nada disso: segue-se mais uma sequência e retoma-se o desespero em Gotham City, entretanto instalado também nos espectadores (não se ouviu uma mosca na sala, nem sequer nos silêncios).
A queda de Harvey Dent é fantástica, a espiral de demência do personagem é genial, a música é irrepreensível e o “todo” satisfaz em pleno, se exceptuarmos o excesso de gadjets, motas, carros e sofisticação tecnológica.
Mesmo assim, garante-me uma segunda volta ás salas de cinema.

terça-feira, julho 29, 2008

What da ... ???

“O indivíduo que baleou os vizinhos por acreditar que um deles, pelo facto de ser homossexual, estaria a sodomizar o seu gato foi ontem condenado, no Tribunal São João Novo, Porto, a cinco anos e seis meses de prisão efectiva. José Maria Correia, 53 anos, empregado de mesa, foi condenado por homicídio na forma tentada e detenção de arma proibida.
O tribunal deu como provado que, em 27 de Outubro de 2007, José Correia pediu a Anabela Cruz Silva (atingida pelos disparos), que se encontrava no pátio das habitações, que o ajudasse a resgatar o seu gato que havia fugido para um terreno contíguo. O vizinho José Pedro Macedo, que estava à janela da sua habitação e se apercebeu da situação, prontificou-se a ajudar no resgate. Quando José Correia viu José Pedro a tentar apanhar o gato começou a proferir expressões injuriosas sobre a sua orientação sexual.
Assim que consegue capturar o animal, o vizinho de José Correia desloca-se para a habitação do arguido, ficando Anabela Cruz no pátio, onde foi atingida pelos disparos de uma pistola Browning, de calibre 6.35, pertencente ao arguido. Provou-se que José Correia acreditava que a pessoa no pátio era José Pedro e estava convicto de que "este era homossexual e que pudesse ter havido contactos de natureza sexual entre o vizinho e o gato". No seguimento dos disparos, Anabela Cruz, professora, foi submetida a intervenção cirúrgica.
O tribunal considerou que o arguido, durante o julgamento, esteve "profundamente desconcertante" e com "comportamento homofóbico".
Durante as buscas policiais foram encontradas 38 munições em casa do arguido, conhecido por "Zé Pistoleiro", como contou uma tia da ofendida.
O juiz-presidente, João Amaral, considerou que o motivo que desencadeou os factos "é torpe". "Dar um tiro em alguém por ser homossexual e por supostamente ter tido relações sexuais com um gato que ajudou a resgatar, e por isso o animal ter ficado homossexual, é talvez o motivo mais torpe que eu já vi na minha vida", frisou o juiz. Esse motivo é revelador "de uma insensibilidade atroz pela pessoa humana", referiu João Amaral, lembrando o caso do transexual Gisberta, que morreu às mãos de jovens menores e comparando o comportamento destas com o do arguido.”

(D.N. , 29/07/08)

sexta-feira, julho 18, 2008

"Beam me up, Scotty ..."






quinta-feira, julho 17, 2008

Killing Time ...







Shoot to kill !















Entre o largo do Rato, a rua Alexandre Herculano e a rua do Salitre, prepara-se para surgir uma coisa com 7 pisos acima do solo, 5 pisos de estacionamento, fachadas entre os 19 e os 22 metros e 10.000 metros quadrados em gaveto cheio de apartamentos T0 e T2.
A associação Escolar de São Mamede vai ser demolida, a a Sinagoga de Lisboa fica quase tapada, tal como o chafariz do Rato, do séc. XVIII e o palácio Palmela, actual Procuradoria Geral da República.

A "obra" teve agora luz verde dada pela autarquia.
P.S. :
Diogo Vaz Guedes, proprietário dos terrenos onde surgirá a coisa e Frederico Valsassina, co-autor do projecto, foram ambos membros da comissão de honra que levou António Costa à Câmara Municipal de Lisboa.
Se quiser enquinar as boas intenções destes senhores, assine aqui:
http://www.petitiononline.com/lgrato/petition.html
Para que isto ... não dê lugar lugar ... a isto !

Killing joke


Stray Bullets




sexta-feira, julho 11, 2008

To die for!



quinta-feira, julho 03, 2008

É o R.A.P. ....

O livro "Zezé Camarinha, o último Macho Man Português", foi lançado no passado dia 25 no Maxime (antiga casa de putas, actual antro "In" da malta "Cool" de Lisboa).
O evento foi concorrido e contou até com a presença de vários "VIP"´s tugas.
Ricardo Araujo Pereira (um dos gatos Fedorentos) tem uma crónica semanal na revista "Visão".
A propósito, escreveu assim:

"Acaba de ser publicado, com a prestigiada chancela da D. Quixote, um texto que poderá vir a tornar-se histórico no nosso panorama literário.
Intitula-se Zezé Camarinha, o último macho man português, e não tem, mas devia ter, o alto patrocínio da ILGA, porquanto opera o pequeno milagre de fazer a apologia da homossexualidade de um modo que é comovente sem ser panfletário. Camarinha, é curioso notá-lo, não seria capaz de panfletarismo, seja porque a sua personalidade é do tipo dócil, seja porque desconhece o significado da palavra «panfletário» - tal como de qualquer palavra com mais de três sílabas, e a esmagadora maioria das que têm mais que uma.
O primeiro aspecto a salientar é que a obra é inclassificável. Uso aqui «inclassificável» não no sentido de ser difícil de catalogar em algum dos géneros literários habituais (conto, romance, biografia), mas sim no sentido que lhe dá a frase «Eh pá, ele assaltou a velhota? Esse tipo é inclassificável.» Em segundo lugar, importa referir que o próprio autor não se enquadra no perfil tradicional de «autor», na medida em que, ao contrário da maioria dos autores, Camarinha não é ainda um homo sapiens sapiens, nem aparenta poder vir a sê-lo, mesmo na hipótese académica de viver até aos 400 anos.
E, no entanto, o livro é um monumento de ironia. Percebo que um leitor menos sofisticado possa não detectar, em Zezé Camarinha, o último macho man português, o subtil elogio da homossexualidade, mas o certo é que todos os sinais estão lá, à espera de serem colhidos e interpretados por um crítico competente e arguto. Felizmente, é o meu caso. A dedicatória, que é todo um programa, diz: «To all the darlings», e aparece assinada «Josef of the moustache from Praia da Rocha». Sei que a simples referência ao bigode, por muito que este seja um elemento essencial da cultura gay, não é suficiente para definir a personalidade do autor, mas é um primeiro indício a ter em conta. Outro, mais significativo, é a firme publicitação que o narrador faz da sua heterossexualidade, que é frequente a ponto de se tornar suspeita:
«Gosto e vou gostar sempre de mulheres» (pág. 11); «[Sobre os filhos:] Vão saber que o pai deles sempre foi louco por mulheres» (pág. 12); «(...) os jovens de hoje já não gostam tanto de mulheres como eu» (pág. 12); «(...) eu adoro mulheres loiras» (pág. 14), etc. E ainda quase não saímos do prefácio.
A tensão entre o elogio da masculinidade (um elemento central da cultura gay) e de uma certa exuberância heterossexual, por um lado, e a sugestão da homossexualidade, por outro, é sustentada magistralmente ao longo de todo o livro. Um dos pontos em que essa tensão se torna mais evidente é o episódio em que Camarinha observa um casal a fazer amor numa varanda: «Confesso que me começaram a dar os calores e que já me estava a ver lá em cima, com eles na janela. Era mais com ela mas se o totó quisesse estar a olhar, a mim não me importava nada!» (pág. 76). Repare-se como tudo neste excerto é exemplar da contradição macho/gay: primeiro, a expressão «começaram a dar-me os calores», mais apropriada para uma senhora de meia idade na menopausa do que para um garanhão; segundo, aquele «era mais com ela», e a sua maravilhosa ambiguidade (era só com ela que o narrador queria estar? Não. Era mais com elas); terceiro, o entusiasmo perante a hipótese de ser observado por outro homem. Esta ambição reforça uma confissão anterior, também muito expressiva:
«Sempre adorei mulheres, desde muito catraio, mas aquilo de que eu mais gostava era de as exibir.» (pág. 13). A conquista de mulheres como forma de atingir e impressionar homens: eis aqui um bom resumo deste magnífico volume, todo contido naquela belíssima adversativa («mas aquilo de que eu mais gostava»).
Também interessante é o modo como Camarinha descreve o seu relacionamento actual com «uma inglesa casada (...) mas cujo marido sofre de Alzeihmer (sic)». Diz ele: «Quando a conheci metia qualquer menina de 20 num chinelo.
Agora já não está tão bonita mas eu, honestamente, gosto muito dela como pessoa.» Qualquer homem sabe que gostar de uma mulher como pessoa é coisa de larilas. Uma ideia que não esmorece quando Camarinha informa: «Ela tem muito dinheiro e não tem herdeiros, pois o marido está mesmo em fase terminal. Em princípio, vai ser tudo para mim mas eu nunca pedi nada! (...) Gosto muito da minha senhora e ela de mim. Por isso tem o testamento feito e sei que vai estar tudo em meu nome quando ela se for.» Camarinha pretende levar-nos a crer que o seu interesse na senhora é outro mas, depois de ter reconhecido, num assomo de honestidade (como é precioso aquele «honestamente»!...) que gosta dela «como pessoa», dificilmente alguém se deixa convencer.

Um livro a todos os títulos comovente."


No dia 01 de Julho, no jornal "Correio da manhã", apareçe isto:

"O galã algarvio Zezé Camarinha vai agir judicialmente contra Ricardo Araújo Pereira, dos Gato Fedorento, devido a um artigo publicado na revista ‘Visão’. "Foi indecente e agiu de forma cobarde. Gostaria que me dissesse na cara o que escreveu", refere o empresário de Portimão.
No artigo lê-se que 'a sugestão da homossexualidade é sustentada magistralmente ao longo do livro' sobre a vida de Zezé Camarinha, recentemente publicado, e o galã desafia Ricardo Araújo Pereira 'para uma análise ao ânus, se ele tiver coragem. Gostaria de resolver esta questão frente a frente, como seria normal entre homens, mas não me parece que ele aceite... Assim, será mais um que me dará dinheiro a ganhar neste tipo de processos. A indemnização já tem destino: uma instituição de apoio às crianças.'
Zezé Camarinha diz 'não perceber' o objectivo de Ricardo Araújo Pereira. 'Portou-se como uma gatinha fedorenta e não consigo entender o motivo das provocações e das insinuações de baixo quilate. Nunca o vi em lado nenhum a não ser, ocasionalmente, na televisão. Só gosto de mulheres... Não sei se andará aqui dedo de algum Castelo Branco mas se não anda parece: o estilo tem tudo a ver...'
O CM tentou obter uma reacção de Ricardo Araújo Pereira, o que não foi possível até ao fecho desta edição."

terça-feira, julho 01, 2008

O sexo....

...lá de fora, adaptado á realidade da periferia.