terça-feira, maio 31, 2005

I am a bird now


"Antony & The Johnsons".
.
Imagine-se a voz de Boy George com salpicos de Alyson Moyet.
Agudos e graves únicos, pose e tiques assexuados.
Há uma figura de contornos imperceptiveis ao piano.
Há sonoridades barrocas.
Ouvem-se temas originais e revisitações de Nico, Lou Reed e Leonard Cohen.
Exprimentam-se sensações.
Redescobre-se o intimismo.
E há arrepios súbitos, pelas melhores razões.
Antony regressa a Portugal, agora como figura de cartaz.
Logo á noite, na Aula Magna, em Lisboa.
Para perceber mais um súbito fenómeno de culto em terras lusas.

E que a Europa começa finalmente a descobrir.

segunda-feira, maio 30, 2005

OUI



"Fazer amor sem preservativo é o mesmo que ir para a cama com um bicho".

Outdoors eficazes por todo o lado.
Imagens de choque.
É a a campanha francesa contra a Sida e a favor do uso do preservativo.
Magnifíque!


Medidas para combater o défice

- Aumento da taxa do IVA de 19 para 21%. A subida vai acontecer antes de 29 de Junho.
- Aumento dos impostos sobre o tabaco entre 10 e 15%.
- Aumento dos impostos sobre os produtos petrolíferos.
- Introdução de um novo escalão de IRS de 42% destinado ás pessoas com rendimentos mais altos a artir de 60 mil Euros por ano.
- Fim do sígilo bancário para efeitos fiscais, em especial em situações de "particular risco".
- Limitação das regalias dos administradores de empresas de capitais maioritariamente públicos.
- Congelamento dos vencimentos dos administradores públicos.
- Idade de reforma dos trabalhadores da função pública adiada para os 65 anos.
- Intensificação do cruzamento de dados entre o fisco e a segurança social.

NON


Blue Monday

Foi o momento alto do primeiro concerto em Portugal dos New Order.
Apesar do histerismo mediático e das reviews ao concerto feitas para o umbigo por parte de quem as escreve, foi impossível não repara em falhas imperdoáveis para um grupo que se quer mítico.
Tecnicamente reinou a confusão: gravações fora de tempo, arranques em falso, uma demora injustificada entre temas ( presume-se para afinar teclados e play-back!), discórdias e guerras abertas de ego entre Peter Hook e Bernard Summers (um clássico!) em plena actuação, exortização de demónias on stage ( o tema "Krafty" foi berrado raivosamente, não cantado!), solos de guitarra de Hook despropositados e, como resposta, Summers a arrancar os auriculares . Birras que felizmente não se alongaram á totalidade dos noventa minutos .
O melhor momento veio mesmo no fim. Parondiando-se a si próprios, fecharam a actuação com o tema mais aguardado pelo público, mas na versão dos belgas 2manny Dj´s. "Can´t get blue monday out of my head" foi o delírio de uma assistência Teen que pouco ou nada conheçe sobre a importância ou extensa obra do grupo mas que delira com Kyle Minogue.
Para os outros, restaram outros mimos sob a forma de quatro temas dos Joy Division.
"Transmition", "she lost control", Love will tear us appart" e o hino que (ainda) é "Atmosphere" fizeram as delicias de outra geração que saudou também "Bizarre love triangle" e "True faith", entre outros.

Se é estranho ver o vivo "Atmosphere", tantos anos depois, mais estranho ainda foi o "merge" geracional que englobou cerca de vinte e seis mil pessoas. O raro estado de convergência de público e de catarse colectiva ( conforme registado há poucos dias nos Duran Duran) não se verificou aqui, pelo contrário, o fosso geracional ficou bem patente.
Ainda assim, embora com um delay de décadas, foi um momento histórico e único.
Somente porque talvez seja irrepetível ...


Rescaldo (do fim de semana alargado)

SEXTA
- Começam três dias de mau tempo, depois de uma semana inteira a 30 graus.
- Arranca o Super Bock.
SÁBADO
- New Order, Gift, Moby, Loto e Hives no no melhor dia do festival.
DOMINGO
- Os Franceses dizem "Não" á Constituição Europeia.
- O vitória de Setúbal trava o Benfica (2-1) e arrecada a Taça de Portugal.

quarta-feira, maio 25, 2005

A vingança do televisor (IV)


Durante o século passado, 4400 pessoas desapareçeram misteriosamente dos 4 cantos do globo. Reapareçem agora, em simultâneo, num único local.
De regresso á vida activa, são investigadas individualmente.
E ainda mais estranho do que onde estiveram, é aquilo em que se tornaram.
No ecrã lá de casa, a partir de hoje.

Duranite


Line-up:
Sunrise
Hungry Like The Wolf
Planet Earth
Astronaut
I Don´t Want Your Love
Come Undone
What Happens Tomorrow
A View To Kill
Sound of Thunder/I Feel Love
Chauffer
Ordinary World
Save a Prayer
Taste The Summer
Notorious/ We are family
Nice
Careless Memories
Wild Boys
Reflex
White Lines/ Groove is in the heart
Girls on Film
Rio
(os melhores momentos registam-se a Bold)

S.L.B. ( Simon Le Bon)

Curiosidade:
O "Tu tu tu ru tu turu tu tu ru tu tu ru tu tu" do "Hungry like the wolf" é igual ao do "taste de Summer". A métrica repete-se vinte e dois anos depois.

Readings, writtings and arithmetics



Na capital, regressa hoje a festa dos livros.
A 75.a edição da feira do livro de Lisboa está marcada por várias efemérides. A saber: os 400 anos da edição de "D.Quixote", de Miguel Cervantes, os 200 anos da morte de Bocage, o centenário da teoria da relatividade de Einstein ou os 250 anos do terramoto de Lisboa.
Ao todo, 17 pavilhões de 125 editoras vão estar presentes no parque Eduardo Sétimo com livros a preços acessíveis.
A feira abre as portas ás 19h30 e decorre até dia 13 de Junho das 16h ás 23h. Aos fins de semana fecha á meia-noite.

terça-feira, maio 24, 2005

Kinky



MALÍCIA NO PAIS DAS MARAVILHAS



É a festa mais concorrida dos últimos tempos.
Logo á noite no Lux, o clube mais In de Lisboa transfigura-se para acolher uma horda de bacanos trajando leather, fatos de enfermeiro, nada ou tudo aquilo que a imaginação permitir.
As portas abrem-se para celebrar fetiches de todas as formas e feitios, numa coisa cheia de Hype e super trendy.
Os convites escasseiam, o povo degladia-se e, mais uma vez, os vícios privados são transformados em virtudes públicas.
Para repasto de uns e enorme gozo de outros.

The wild boys


Logo á noite, no coliseu de Lisboa.

Time.Out

"Hable com ella", de Pedro Almodovar, foi eleito o melhor filme da década de 2000 pela Time.
A revista norte-americana publica esta semana uma lista com os cem melhores filmes da história do cinema elege o melhor filme de cada década.
Para além de "hable com ella", a Time refere "Metrópolis" de Fritz Lang como o melhor filme dos anos 20. "Citizen kane", de Orson Wells, é o melhor dos anos 40 e "Pulp fiction", de Quentin tarentino, é apontado como o melhor filme dos anos 90 do século passado.

Sit(h) down










Houve quem esperasse 28 anos por isto.
Não é o caso. Percebi claramente n´"A ameaça fantasma" que esta não era a minha Star Wars generation. Lembro-me de, em pequenino, o meu pai me ter levado pela mão a ver o "Império contra-ataca" e recordo também o estado em que saí da sala aquando d´"O regresso de Jedi". Eram outros tempos, entrava-se nos filmes de outra maneira mas percebo o entusiasmo desta nova leva de adeptos e a catarse mundial que este derradeiro episódio provoca.
Mas mesmo com alguma curiosidade, apesar de expectativa reduzida, não estava á espera de tão pouco. A projecção digital é incrível, de facto. O pior mesmo é o resto.
No terceiro episódio da nova trilogia, há o dinheiro a mais e imaginação a menos.

Há coisas que não se percebem:
O general Griveous, um rôbô, tosse frenéticamente; a tradução poruguesa é de ir ás lágrimas ("Threepiou"???); os diáloguos são básicos; há política a mais ("Quem não estiver comigo, está contra mim" é uma tirada real dde G.W. Bush); a transformação do Palpatine é absurda, tal como a gincana do Obi-Wan e do lagarto em perseguição da roda do Griveous. Os momentos cruciais do filme são rápidos, mal explorados e passam diluidos no meio do filme. Há excesso de poluição visual e cenários e landscapes e naves e batalhas que pouco ou nada acrescentam á narrativa. Cansam a vista e são uma perca de tempo!
Aos personagens, falta mais humanidade na representação. Uma ausência talvez justificada pela interacção integral com o "Blue Screen". De qualquer forma, a ideia de perdição e de dilema interior esbarram no seráfico protagonista.
"A vingança dos Sith" é isso mesmo, uma obra maçadora e sem expressão onde se aguardam durante duas horas pelos 20 minutos finais, esses sim com a carga dramática negritude anunciada. A "ponte" com a trilogia anterior é bem feita e no meio de tanta coisa óbvia, a recuperação do corredor branco original onde Vader surgiu pela primeira vez ( reconstruido ao detalhe em cenário) é um dos poucos momento a reter.
Subtilezas áparte, e apesar de Lucas ter assumido a influência da obra de Tolkien na construção do seu mito pessoal, o clímax bem podia ter sido consumado noutro cenário. Já bastava a batalha de Frodo n´"O regresso do rei". Não é por se substítuir um vulcão por um planeta inteiro deles que as coisas aqueçem. Pelo contrário.
"Star wars" transformou-se numa autêntica tragédia grega dos tempos modernos, repleta de efeitos especiais e tecnologia de ponta e com o mito findado no cinema, prepara-se agora a investida na TV. O "gap" de vinte anos entre este episódio e o "primeiro" será alvo de uma série de televisão onde, segundo Lucas, nenhum dos personagens originais regressará.
Mais uma nova galeria de heróis em perspectiva ?
O Marketing e o Merchandising falam mais alto.

The end is the begining is the end


Portugal S.O.S.

Na ressaca do país vermelho e das comemorações da vitória do Benfica, agora á frente da liga, interrompendo um jejum de 11 anos, é agora altura de voltar´"á real".
E aterrar de chofre.
O governo reúne-se hoje em conselho de ministros extraordinário para aprovar medidas de controle da despesa pública.
Ontem a comissão Constãncio entregou ao primeiro-ministro o relatório sobre o estado das contas públicas e ficou-se a saber que o valor real do défice é de 6,83%, o mais alto da zona Euro.
Aos ministros, Sócrates pediu que apresentassem programas de redução de despesas.
A apresentação oficial desssas medidas deve acontecer amanhã durante o debate mensal com o primeiro-ministro no parlamento.

Fontes próximas do PS admitem como solução o aumento dos impostos e cortes na despesa do Estado mas há também quem sugira o aumento do IVA para o seu escalão máximo, 21%, bem como aumento do valor do tabaco.
É a crise a instalar-se.

terça-feira, maio 17, 2005

Homo

No parlamento, várias associações e partidos entregam hoje uma petição para que seja criado um Dia Mundial contra a Homofobia.
Esta iniciativa acontece ao mesmo tempo em 45 outros países.
O texto da petição é da autoria de um académico francês que lembra que, pelo menos em oitenta estados, os actos homosexuais são condenados pela lei e numa dezena deles, como na Arábai Saudita, puníveis com a morte.
Além da entrega desta petição, que em Portugal recebeu duas mil assinaturas, ás 15hs tem lugar na Fnac Chiado uma sessão com visionamento de filmes e um debate com as deputadas Ana Catarina Mendes (PS) e Alda Macedo ( BE).
Por fim, á noite, no largo Camões, será projectada uma montagem de vídeos de "Homofobia explícita" que registam agressões a manifestações de homosexuais na Europa.


Ah, força...


segunda-feira, maio 16, 2005

Défice.pt

"Reconheço que a situação afinal ainda era pior do que eu temia e na verdade o país está confrontado com uma crise orcamental grave".
A afirmação é de Vitor Constãncio, o responsável pelo banco de Portugal e foi proferida no passado sábado no Luxemburgo.
Soube-se assim que o défice ficará este ano abaixo dos 7% do PIB e será o mais alto dos últimos 11 anos.
Para esse facto contribuem as despesas que estavam omissas no OE de 2005 e as receitas previstas que ficarão por cobrar.
Como consequência, o governo prepara-se para anunciar um conjunto draconiano de medidas para reduzir este défice.
O ministro das finanças terá de acabar, entre outros, com alguns direitos adquiridos mas na callha estão outras também outras medidas: encerrar serviços da administração pública, aumentar o impostos sobre os combustiveis, introduzir pagamentos nas portagens de algumas SCUT, igualar ao regime geral o IRS dos reformados, aumentar a idade de reforma e criar um seguro de saúde obrigatório. Mudar a filosofia de atribuição do subsidio de desemprego, rever a progressão automática das carreiras na função pública e adiar alguns dos grandes projectos públicos de investimento fazem igualmente parte deste pacote que tem como objectivo chegar ao final de 2008 com um défice inferior a 3% do PIB.
Vitor Constâncio reune-se hoje com Jorge Sampaio.

All for(ce) one


Uma guarda-de-honra de soldados imperiais trajados a rigor, uma orquestra a tocar ao vivo a música de John Willliams, fotógrafos e câmaras de televisão em atropelo e a maior multidão de público anónimo que se viu durante os primeiros dias de Cannes recebeu, na passada tarde de domingo, a grande comitiva (encabeçada pelo próprio George Lucas) que subiu a passadeira vermelha na estreia mundial de "Star Wars: Episode III - The Revenge of the Sith".
Chega assim ao fim uma epopeia de ficção científica única no cinema, que demorou quase 30 anos a construir, mudou a face de Hollywood, revolucionou a indústria dos efeitos especiais, criou um culto, abarcou duas gerações e fez de George Lucas um multimilionário. Lucas que, na conferência de imprensa, disse que, a princípio, queria apenas fazer um filme que ficou tão grande que teve que se dividir por três, e que depois prolongou para seis porque "tinha que se contar a história que ficou para trás".
Spielberg chorou de emoção no visionamento.
O fim da saga chega quarta-feira a todo o mundo.

Cannes 2005


Chart attack

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Royksopp - Only this moment
M.I.A. - Galang
Roisin Murphy - If we´re in love
Radio 4 - Dance to the underground
Arcade Fire - Neighborhood
LCD Soundsystem - Disco infiltrator
Bodyrockers - I like it that way
Gorillaz - Feel good inc.
Post It - Glamorama
Keane - Bend and break
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Malícia...


...á espreita. Dia 24. Em Lisboa.

sábado, maio 14, 2005

Alô?

Estamos sujeitos a ser contactados em qualquer altura.

Não há escapatória possível.

A tecnologia, essa coisa amoral, pariu um objecto que não é neutro: o telémóvel, esse "Gadjet" que cometeu a proeza de gerar um impacto político, económico e ambiental na sociedade actual, sem que tenha havido sequer um debate prévio.

Como tudo o que é práctico, tornou-se popular. Criou mais uma necessidade social, já que é ela quem provoca a generalização. Actualmente, é-nos dito o que precisamos a toda a hora, a todo o instante.Que não faremos parte da inovação, do progresso emergente da civilização se não tivermos isto ou aquilo e mais um computador, um telemóvel ou outra engenhoca qualquer. É um apelo irresistível a “upgrade” constante de quem muito fala e pouco diz.

Hoje em dia, com um telemóvel no bolso, surge a necessidade compulsiva de o utilizar. De fazer chamadas que provavelmente não se fariam nem haveria necessidade de fazer.Na maioria dos casos, nada acrescentam á sua vida de cada um, mas fazem-se na mesma.

Ninguém organiza actualmente a sua vida social sem o indispensável aparelho.

É uma atitude impensável mas que facilmente se percebe.

As pessoas são fundamentalmente móveis.

Desde que se levantam de manhã até que se deitam á noite, estão constantemente em movimento. Durante anos, permaneceram estáticas, acorrentadas a secretária, fechadas em casa, foram obrigadas a estar paradas numa cabine pública para poderem falar.

Com telemóvel, toda esta dinâmica mudou.

Fala-se para e de todo o lado: do restaurante, do meio da rua, do transporte público, do cinema, do trânsito, da praia, do urinol.

Devia existir um código de cortesia para o telemóvel e uma entidade que regulasse o seu uso!

As pessoas perderam o valor da sua privacidade. E o mais bizarro ainda é ser obrigado a escutar o conteúdo das conversas dos outros: é abismal o nível de trivialidade do que se ouve.

A juntar a isto, o que dantes era essencialmente um telefone, transformou-se num objecto de diversão. Tiram-se fotografias, há ligações sem fios a computadores, há jogos. Já pouco ou nada tem a ver com a comunicação mas tudo a ver com entretenimento.

Há ainda a praga SMS e, pior, MMS.

É irónico como se deu baixa dos Beeper´s há uns anos para se perverter agora o intuito básico do telefone. Enviam-se incontáveis mensagens de texto que, encadeadas, dão ideia duma conversa. É algo estranho, distante, o modo como duas pessoas comunicam para quem observa o fenómeno há distância, com relutância ou simplesmente por não pertencer á faixa etária da moda. É quase como criar uma presença digital, em que, á semelhança da Net, se adquire uma coragem, um atrevimento ou uma identidade que nem sempre tem correspondência real .

As mensagens de texto pareçem desprovidas de grande carga emocional. Mas o facto é que as pessoas se excitam quando as recebem, sejam enviadas por quem já conheçem ou por quem pretendem vir a conheçer. Neste último caso, a sedução ganhou outro patamar. E também aqui são criadas as tradicionais rotinas de ansiedade e expectativa, que aumentam com uma fraca bateria e disparam se não houver um carregador á mão.

Durante muitos anos, comunicámos essencialmente através de contacto visual.

Parte dessa comunicação assentava na linguagem corporal, na forma como abanávamos a cabeça, como moviamos os olhos, como gesticulávamos. Há todo um histórico evolutivo centrado na comunicação cara-a-cara,olhos-nos-olhos.

No último século, essa comunicação foi sendo gradualmente retirada do seu ambiente natural e despejada para um cenário artificial. O telefone tornou-se uma parte íntima, não só da vida quotidiana, mas também da vida emocional. Deixou de fazer sentido ter uma relação, amar ou deixar de amar, estar com uma pessoa ou deixar de estar, sem pensar na mediação do telemóvel durante todo esse processo.

A ele, pede-se,sobretudo, que passe informação, que provoque a comunicabilidade. Dizem-se algumas trivialidades de ínicio, é certo, mas depois acaba por se engrenar.

Se estivermos juntos, o processo é diferente, é mais lento, mais imediato.

O telemóvel não é uma elemento passivo através do qual as relações se concretizam.

Tornou-se uma personagem participativa no desenrolar das relações.

Está lá no princípio, meio e fim.

É uma espécie de “menagé” moderna, invisível. Anda por lá, não se dá por ela e como não chateia, ignora-se.

A tecnologia tem-nos sido impingida nos últimos anos com afirmações exageradas sobre os benefícios que comporta. E, de forma passiva, e por vezes inconsciente, acabamos por a aceitar até que se torna uma parte intrínseca da nossa vida. Só então medimos as consequências e calculamos o embate que a tão apregoada melhoria proporciona. No caso do telemóvel, o legado é só um: já não há paz.

Já não há paz, nem calma e nem contentamento.

Já não há hipótese de pensar, de repensar ou sequer reflectir.

Tudo é imediato, rápido e feito ao momento.

"Fast" é a nova palavra de ordem.

De uma forma subtil e drástica, o telemóvel mudou também a forma como vivemos a solidão.

Somos a primeira geração que nunca poderá, para o bem ou para o mal, estar totalmente isolada e só, um facto que outras gerações celebravam mas também com o qual também sofriam. A capacidade de estarmos sós, se é algo a que damos valor, perdeu-se. Pelo contrário, se a detestamos,escapámos-lhe.

Há uma questão que importa não perder de vista: se existirem distrações constantes, se pudermos ser contactados a toda a hora, em qualquer lugar, se perdermos a capacidade de concentração regular, afinal que qualidade de interacção teremos com quem, realmente, precisa da nossa atenção?

Tal como em todas as revoluções, há um preço a pagar.

Para já, os aspectos positivos são a oportunidade de liberdade, de ligação e de segurança.Os contras são a distração, o tagarelar constante, a interrupção, a perturbação do espaço social, a invasão de privacidade e, quer queiramos quer não, a exposição da vida privada.

De futuro, dizem que será possível localizar pessoas via telemóvel. Hoje, podemos já podemos ver-nos em tempo real, via tecnologia 3G.

Apesar de não fazer questão de estar sempre contactável, nem de querer que saibam o que faço, onde estou ou qual o meu dia passo-a-passo, reconheço que o telemóvel pode ser especialmente útil em algumas situações, como em caso de desastre, calamidade ou simplesmente para que alguém perdido seja facilmente localizável.

Na sua ausência, porém, subsistem sempre métodos tradicionais, como o do Baden-Powell. Vantagens? Nunca falham e não requerem carregamento.

Certo, certo, é que as plataformas digitais constituem o próximo passo evolutivo nas comunicações.
A tecnonlogia Wireless é hoje o futuro porque a-de-fios se tornou obsoleta.

No caso do telemóvel, este tende a tornar-se uma espécie de agregado onde se incorporarão todas as outras tecnologias. Em breve, quem sabe, não daremos baixa dos tradicionais comandos de televisão porque se tornou possivel mudar de canal através do “telebicho”.

Enquanto isso, lá me vou perdendo e achando e comunicando á moda antiga. Até ver...

Não sou um resistente á mudança nem um fundamentalista "retro". Mas o ritmo a que a ficção se cola e incorpora a realidade dá que pensar. Aos nossos olhos, os tele-comunicadores de "Star Trek" são actualmente rísiveis e as profecias de Júlio Verne mais pareçem romances. O futuro descrito em "Blade Runner" não deverá andar muito longe...

Já temos telemóveis atrás da orelha. Um dia, tê-los-emos debaixo da pele. Bastará pensar num número, numa pessoa, numa localização digital e conseguiremos comunicar quase instintivamente. Será uma tecnologia incorporada, quase uma "tecno-telepatia" biológica. Cada um terá uma identidade digital á nascença e o indíviduo converter-se-á num ser númericamente identificável, á semelhança do que aconteçia, por exemplo, no filme "Gattaca", de Andrew Niccol, Na época,pura ficção.

Á cautela, á cautela, do telemóvel ao Chip e daí á aplicação massiva da nano-tecnologia, vai um instante.

É impossivel para o comboio da mudança e é impensável ser atropelado ou perder a viagem.

Há uma nova éspécie emergente e, conforme afirmava Darwin, apenas o mais forte sobrevive. "Survival of the fittest". "Adapt or die".

Por enquanto, disfrutem-se os prazeres moribundos da velha arte de comunicar ao momento. No agora.

De resto, por muito que se mude, o “número” é sempre o mesmo.

É ver para crêr.


sexta-feira, maio 13, 2005

To die for

É apenas a melhor adaptação de BD para o cinema alguma vez feita.
Os três tomos da saga de Frank Miller encontram expressividade num único filme dirigido por Robert Rodriguez e sob supervisão cerrada do primeiro, que se estreia como actor(faz de padre).
Mikey Rourke é genial como Marv em " A dame to kill for", Rosario Dawson e Clive Owen dão cabo de Bennicio del Toro em "The big fat kill" e "Bruce Willis põe cobro ao "That yellow bastard" enquanto resgata Jessica Alba.
Negro como a corrupção, vermelho como o pecado, e pincelado pontualmente por outras tonalidades, "Sin Sity" é o exemplo feliz de uma transposição da nona arte para a tela.

Até ver,é um dos filme do ano.

Downloads no Top (II)

Practicamente um mês depois dos ingleses, chega a vez de Portugal considerar agora a expansão da música digital.
A mais recente assembleia geral da AFP deliberou nomear um grupo de trabalho para apresentar em reunião magna nos finais de Setembro, um estudo sobre a implantaçãode um top de vendas de música por download e a criação de respectivos galardões, com parâmetros ainda por definir.
Caso o estudo seja votado positivamente, o primeiro top nacional de Downloads entra em vigor logo em Outubro. Na agenda de trabalhos existe também a possibilidade de criar um top de Ringtones (toques de telemóveis).
Actualmente, existem apenas dois servidores de venda de música Online entre nós: o portal Sapo Xl e o ITunes português, embora haja três outros interessados: um do grupo Sonae, outra via Fnac e um último ligado á editora 2Dance.

Friday, the 13th



quinta-feira, maio 12, 2005

Bipolar

.
Love at first sight
or
Lust at first sight?
.

Hold your breath


A crise dos discos

A AFP (associação fonográfica Portuguesa) alterou, a partir de hoje, os parâmetros de vendas de discos para a atribuição dos discos de platina e ouro, tendo sido extinto o galardão de prata.
O disco de ouro passa agora a ser atribuido por vendas superiores a 10.000 unidades ( o que equivalia ao disco de prata, agora extinto) enquanto o galardão de platina é atribuido por vendas superiores a 20.000 cópias ( o que equivalia ao anterior ouro).
A AFP justifica estas alterações "por necessidade de se coadunar à nova realidade do mercado discográfico".
Os quantitativos para a atribuição dos galardões tinham sido fixados á 15 anos quando o mercado estava florescente.
Actualmente, é o inverso.
O mercado nacional continua em queda.
Só nos últimos dois anos, caiu 47% e apenas no primeiro trimestre deste ano, caiu mais 11%.

Incredible knights


A raiz do problema (II)

- Preciso de abater 2.000 sobreiros...
- Já falaste com o teu partido?
- Não, falei com o teu!

A raiz do problema

Foi hoje libertado sob caução, e depois de 7 horas de interrogatório, o ex-dirigente do CDS/PP.
Abel Pinheiro, juntamente com Luis Nobre Guedes (ex-ministro do ambiente) e três administradores do BES foram constituidos arguidos num processo de tráfico de influências relacionado com a autorização de construção de um empreendimento turístico que implicava o abate de mais de 2.600 sobreiros.
O despacho foi assinado quatro dias antes das últimas eleições legislativas pelos ministros do ambiente (Nobre Guedes), do turismo (Telmo Correia) - ambos do CDS/PP - e da Agricultura, o social democarata Costa Neves. Autorizavam a construção de um empreedimento de agro-turismo que previa hoteis e moradias na herdade da Vargem Fresca, no concelho de Benavente.
Luis Nobre Guedes é o próximo convidado a "visitar" o Tribunal Central de Instrução Criminal para prestar esclarecimentos.
Nota :
O sobreiro é uma espécie protegida por lei que só pode ser abatida em situações de utilidade pública, como construção de escolas ou hospitais.

Metrosexual


É o nome do álbum-estreia de uma nova banda portuguesa que pretende fazer uma actualização sonora e visual de um passado recente: os anos 60 e 70.
Três miúdos revisitam a Motown, o Studio 54, o Disco, a Soul, os tamancos, as golas, o brilho e o Glamour e fazem "fast-forward" para 2005. As referências musicais são óbvias: Stevie Wonder, Earth,Wind & Fire, Boney M., Bee Gees e Prince, entre outros.
Dito de outra maneira, "Scissor Sisters meets Jamiroquai".
O disco chega ás lojas já no dia 23.
"Deep inside" é o primeiro avanço.

terça-feira, maio 10, 2005

A vingança do televisor (III)


O dia-a-dia de dois cirurgiões plásticos norte-americanos.
Operações em directo, sexo forte, ousadia q.b. & re/ralações dissecadas ao bisturi.
Em exibição a partir de hoje.
No televisor lá de casa.

A enfermidade bonificada

Os estudantes do Reino Unido que realizem o exame final do 12º ano terão um bónus de 2% na nota se o seu animal de estimação morrer no dia da prova.

De acordo com critérios estabelecidos pelo Conselho de Exames que fiscaliza o decurso do «GCSE», ou «A Levels» - exame único que equivale em Inglaterra aos do 12º ano de escolaridade -, se o animal morrer na véspera do exame apenas garante um aumento de 1% ao aluno enlutado.

A morte recente de um membro da família próxima poderá valer até 5%, um valor que é de 4%caso o falecido seja do segundo nível familiar.

Por testemunhar um acontecimento dramático no dia do exame, o aluno vê a sua nota aumentada em 3%, o mesmo bónus por partir uma perna ou ser vítima de um ataque de asma nos dias anteriores.

Uma alergia ao pólen poderá valer mais 2% e uma simples enxaqueca um ponto percentual.

Este sistema foi hoje criticado pela fundação independente "Campanha para uma Verdadeira Educação", de acordo com a qual este barómetro é consequência de "uma atitude global na sociedade em virtude da qual há uma desculpa para tudo".


Devilsh Spam


Da smell

O olfato muda de acordo com o género e a orientação sexual.
Esta é a conclusão de um estudo publicado hoje pelo Instituto Karolinska de Estocolmo.
Os cientistas estudaram as reacções de homens e mulheres heterosexuais e de homens homosexuais ao cheiro de químicos derivados de hormonas sexuais masculinas e femininas.
Para os investigadores, a descoberta é mais uma prova de que a homosexualidade tem uma origem biológica, pelo que não pode ser condenada por razões morais ou religiosas.

segunda-feira, maio 09, 2005

Páginas tantas


O livro do momento (que não li) passa ao cinema.
O filme estreia em Maio de 2006.
Não há pressa para compreender as modas.

quinta-feira, maio 05, 2005

Capicua

05.05.05.
-
Make a wish...

quarta-feira, maio 04, 2005

A vingança do televisor (II)


Os teasers da versão britânica circulam finalmente na ":2" ( a estreia é dia 14, ás 00h30), na mesma semana em que a quarta temporada de "Six feet under" chega aos televisores.
Na quarta-série do U.S. "QasF", a pandilha do costume continua a fazer das suas, embora a alegada maturidade dos personagens (e algumas situações claramente metidas a martelo) se traduza numa autêntica narrativa de "Soap opera": cancros, óbitos súbitos (com fantasmas recorrentes), drug reahbs, homo-street-gangs, corridas de bicicletas de beneficiência, traições hetero entre dykes, entre outros temas, coabitam com as já habituais questões que compõem o dia-a-dia deste "friendly group" de S.Pitesburgo.
Apesar de continuarem a existir motivos de interesse, a fórmula acusa já algum desgaste. Talvez por isso, a continuidade esteja em risco (neste momento, a quinta série ainda aguarda luz verde).
Ao contrário dos sete palmos, existe aqui outro tipo de profundidade, onde os dramas encontram sempre solução nem que seja num qualquer after-hours.
Aqui, a morte é assombrada por lantejoulas e Tecno e acaba normalmente derreada,
com um salto partido e o lipstick fora do sítio.
As personagens cresceram (and got soft!) e,enfim, a coisa lá vai funcionando.
Salva-se o novo genérico, que é bestial.

Luxo

A associação ambientalista Quercus condenou hoje "veementemente" a transformação do Convento dos Inglesinhos, um edifício do século XVII, num condomínio de luxo, por considerar que se trata de "uma obra de grande interesse patrimonial, artístico e cultural".
Em comunicado, os ambientalistas criticam a política de reabilitação urbana, que afirmam que tem sido feita à custa de "aberrantes impermeabilizações do solo, alterações de usos, apagamento de memória cultural e arquitectónica da cidade".
"O Convento dos Inglesinhos é neste momento a situação mais grave porque recai sobre ele o risco iminente de destruição de obra de elevado interesse patrimonial, artístico e cultural", sustenta a Quercus.
A transformação do edifício seiscentista num condomínio de luxo, um projecto do Grupo Amorim, foi recentemente alvo de uma providência cautelar interposta por moradores da zona e pelo advogado José Sá Fernandes, mas a acção foi rejeitada pelo Tribunal Administrativo de Lisboa. Para os ambientalistas, "voltar a trazer habitantes para a cidade é, para os nossos responsáveis, construir novos guetos, desta feita para abastados". "Utilizar edifícios com características históricas e arquitectónicas invulgares para isso, destruindo-os, é não só monstruoso como crime de lesa cultura e ambiente".

terça-feira, maio 03, 2005

Barbaridades


Existe mesmo. E gera dinheiro.
"Barbie´s Poo" & "Barbie Aids".

Qual é a merda é que se segue?