terça-feira, fevereiro 22, 2005
Nulidade(s)
Nas eleições legislativas do passado domingo, um em cada seis votos foi inútil, ou seja, não influenciou a composição da Assembleia da República.
De acordo com o estudo do jornalista Luís Humberto Teixeira (autor do livro “Reciclemos o sistema eleitoral”) «no total ascenderam a 868.905 os votos inúteis para a composição da Assembleia da República, um máximo histórico em eleições legislativas no Portugal democrático».
«Dito de outro modo, a opinião de um em cada seis votantes não serviu para apurar qualquer mandato de deputado, pois a composição da Assembleia da República seria a mesma se esses votos não tivessem depositados nas urnas», refere o autor.
O Bloco de Esquerda foi o partido mais penalizado, com 183.618 dos 364.296 votos conquistados a não contribuirem para aumentar a representação parlamentar do BE. Assim, 50,4% dos votos bloquistas não contaram.
Os casos mais flagrantes registaram-se em Aveiro e Braga, onde os 19.788 e 22.187 votos do BE, respectivamente, foram desperdiçados. Em Aveiro, o Bloco não conseguiu eleger Andrea Peniche por 206 votos, enquanto em Braga Pedro Soares ficou fora do Parlamento por 418 votos.
O CDS/PP, com 158.667 votos inúteis (38,25% do seu total nacional), foi o segundo partido mais prejudicado. Seguem-se a CDU (123.661 votos – 28,62%), PSD (171.141 votos – 10,44%) e PS (110.677 votos – 4,3%).
O PS foi o partido mais beneficiado na conversão de votos em mandates, conquistando 53% dos lugares na Assembleia da República com 45% dos votos.
Também o PSD alcança uma representação parlamentar superior ao peso eleitoral: 31,9% dos mandatos para 28,7% dos votos.
A CDU (7,6% dos votos e 6,2% dos mandatos), CDS/PP (7,3% e 5,3%) e BE (6,4% e 3,5%) foram as formações penalizadas.