segunda-feira, março 14, 2005
Identity crisis
“Identity Crisis” foi o êxito inesperado em 2004 (crítica e público) da DC Comics.
Brad Meltzer e Rags Morales são os nomes por trás do êxito deste mega-evento, uma mini-série de 7 números que aborda o risco das identidades secretas com um arranque clássico em jeito da intriga policial envolvendo a morte de um personagem,
O que pareçe simples, rapidamente se complica, a um ritmo avassalador.
No processo de investigação, descobre-se, por exemplo que, no passado, houve heróis que lobotomizaram vilões por terem descoberto as suas identidades secretas, que os heróis que se opuseram a esta medida sofreram também eles lavagens cerebrais. No passado, há também violações que foram apagadas da memória dos protagonistas.
No presente, tudo vem á tona quando alguém volta a tomar conhecimento das identidades secretas dos heróis, ameaçando os seus familiares mais próximos e desencadeando mais mortes em familia, atitudes morais dúbias, mais secretismo e brutalidade e violência como nunca antes visto.
"Identity crisis" é um acontecimento único porque redefine regras e posições dentro do universo DC, explorando a humanidade - e inumanidade - dos alegados bons e maus. È uma saga hiper-realista e um dos argumentos mais sujos alguma vez escrito na história dos quadradinhos.
Este mês, para lidar com as repercusões, surge o one-shot “Countdown”, que faz a síntese da(s) tragédia(s) e lança novas pontes para uma futura restruturação de base dos personagens da editora, com os heróis divididos entre si, com mais segredos por revelar, com pactos secretos de união e vingança entre os vilões (agora conscientes do que aconteçeu a um dos seus) e outras complicações não menos relevantes.
Em "Villains united" (one-shot) assiste-se á preparação do conta-ataque dos "maus" e na mini-série "The Omac project" sabe-se que alguém anda a vigiar os "bons"...desde há algum tempo.
Uma espécie de "big brother is watching you" em 6 números.
E há mais repercusões a caminho com uma posível "Infinity crisis" no horizonte.
Se "Watchmen"(Allan Moore e Dave Gibbons) acentuou o realismo e a negritude na Nona arte (algo que foi depois reforçado por "The dark knight returns",de Frank Miller), "Identity crisis" eleva ainda mais a fasquia ao alterar definitivamente o Status Quo de todo um universo e mudando a percepção dos leitores para, por exemplo, o perigo do uso de identidades secretas.
Os mundos da banda desenhada já não são tão irreais como há uns anos.
Apesar de se louvar a coragem na ousadia, fica a ideia de que, também aqui, sonhar com um mundo melhor é agora um pouco mais díficil.