terça-feira, maio 24, 2005

Sit(h) down










Houve quem esperasse 28 anos por isto.
Não é o caso. Percebi claramente n´"A ameaça fantasma" que esta não era a minha Star Wars generation. Lembro-me de, em pequenino, o meu pai me ter levado pela mão a ver o "Império contra-ataca" e recordo também o estado em que saí da sala aquando d´"O regresso de Jedi". Eram outros tempos, entrava-se nos filmes de outra maneira mas percebo o entusiasmo desta nova leva de adeptos e a catarse mundial que este derradeiro episódio provoca.
Mas mesmo com alguma curiosidade, apesar de expectativa reduzida, não estava á espera de tão pouco. A projecção digital é incrível, de facto. O pior mesmo é o resto.
No terceiro episódio da nova trilogia, há o dinheiro a mais e imaginação a menos.

Há coisas que não se percebem:
O general Griveous, um rôbô, tosse frenéticamente; a tradução poruguesa é de ir ás lágrimas ("Threepiou"???); os diáloguos são básicos; há política a mais ("Quem não estiver comigo, está contra mim" é uma tirada real dde G.W. Bush); a transformação do Palpatine é absurda, tal como a gincana do Obi-Wan e do lagarto em perseguição da roda do Griveous. Os momentos cruciais do filme são rápidos, mal explorados e passam diluidos no meio do filme. Há excesso de poluição visual e cenários e landscapes e naves e batalhas que pouco ou nada acrescentam á narrativa. Cansam a vista e são uma perca de tempo!
Aos personagens, falta mais humanidade na representação. Uma ausência talvez justificada pela interacção integral com o "Blue Screen". De qualquer forma, a ideia de perdição e de dilema interior esbarram no seráfico protagonista.
"A vingança dos Sith" é isso mesmo, uma obra maçadora e sem expressão onde se aguardam durante duas horas pelos 20 minutos finais, esses sim com a carga dramática negritude anunciada. A "ponte" com a trilogia anterior é bem feita e no meio de tanta coisa óbvia, a recuperação do corredor branco original onde Vader surgiu pela primeira vez ( reconstruido ao detalhe em cenário) é um dos poucos momento a reter.
Subtilezas áparte, e apesar de Lucas ter assumido a influência da obra de Tolkien na construção do seu mito pessoal, o clímax bem podia ter sido consumado noutro cenário. Já bastava a batalha de Frodo n´"O regresso do rei". Não é por se substítuir um vulcão por um planeta inteiro deles que as coisas aqueçem. Pelo contrário.
"Star wars" transformou-se numa autêntica tragédia grega dos tempos modernos, repleta de efeitos especiais e tecnologia de ponta e com o mito findado no cinema, prepara-se agora a investida na TV. O "gap" de vinte anos entre este episódio e o "primeiro" será alvo de uma série de televisão onde, segundo Lucas, nenhum dos personagens originais regressará.
Mais uma nova galeria de heróis em perspectiva ?
O Marketing e o Merchandising falam mais alto.

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