sexta-feira, junho 24, 2005
In the name of love ?
Com o alheamento habitual das causas em que assenta, mas repleto de folclore e alguma exuberância, eis o Pride 2005.
Amanhã, é a festa grossa da população LGBT.
O arraial Pride começa ás 20h, no Parque do calhau, em Monsanto, e prolonga-se até ás 6 da matina, no habitual terreno de cabras reservado á pastorícia e mais uma vez cedido "gentilmente" pela CML.
"Longe da vista, longe do coração...", fazendo jus ao ditado.
Transferir o evento para um espaço geográfico habitualmente associado a alguma marginalidade (putas, junkies e afins), deslocalizando a coisa do coração da capital, é/não devia ser motivo de regozijo e festa. Ainda assim, a rapaziada acorre aos magotes para celebrar a data.
Antes disso, e também no sábado, dá-se o habitual desfile com arranque do Marquês de Pombal ás 17h, rumo ao Rossio. Este ano, e pela primeira vez, a marcha do orgulho Gay apresenta "madrinhos". A saber, os escritores e jornalistas Inês pedrosa e Rui Zink.
O brasileiro Frota (Alexandre) marca igualmente presença na parada, dando depois um salto até ao Monsanto para confraternizar com o público que tanto o aprecia.
Eis o Pride Português.
Não o alerta para a falta de direitos Gay (casamento, adopção de criancas, etc) tão reclamados o ano inteiro, mas pretexto por parte dos convivas para mais uma festarola de sábado á noite.
Em anos anteriores, as marchas (local onde tradicionalmente se tenta passar a mensagem) apresentam-se quase desertas. A festa, em contrapartida, está á pinha. Há um claro equívoco no horário da adesão das massas. Ou talvez não....
A paródia noctívaga, o chamariz deste "Pride", consiste nos rotineiros copos e morfes, música para bailar - óbvia, fácil e estereotipada (Glória Gaynor, Whitney Houston, Shakira e afins), intercalada com algum Tecno e intervenções dos principais "dirigentes comunitários" que ninguém ouve. Como brinde adicional, o dispensável (e miserável) espectáculo de travecas (Mónicas Naranjo, Celines Dion, Anastasias, etc), superável apenas em mau gosto pelas prestações musicais duvidosas de "jovens talentos" de peito ao léu e garganta em haste.
Os presentes vão rubro, aplaudem e "seguem para bingo".
Sinal de que os estereótipos, ao contrário do que se diz, continuam em alta.
"Life is a cabaret, old chap / come to the cabaret..."
Finado o arraial, está-se na tarde de domingo.
E para o ano há mais!
Existem(m) seguramente outra(s) vida(s) na comunidade Gay lusa.
Infelizmente, esta continua a ser a amostra da realidade que temos.