sexta-feira, julho 22, 2005

O tal canal


Ser Gay é novamente "trendy".
As televisões nacionais perceberam a moda e a partir de Setembro, a receita fácil para captar audiências passa novamente pela exploração barata de estereótipos. E eis a "Pink" TV a aterrar da pior forma.
Na TVI, actualmente com um jovem prestes a assumir a sua paixão pelo melhor amigo na novela líder de audiências "Ninguém como tu" (será a primeira declaração de amor Gay na televisão Portuguesa), e depois do produtor de filmes pornográficos Sá Leão e os actores Pedro Anjos e José Pires terem vivido como mulheres durante 3 semanas em "Rabos de saia", uma rúbrica de 10 minutos do programa "Você na TV", prepara-se o resgate do "Conde" Castelo Branco para o novo reality-show da estação intitulado "Primeira companhia". O Casting ainda vai a meio mas o brasuca Frota já declinou o convite.
A matilha de Carnaxide, SIC, responde com outro reality-show, ainda com problemas de Casting (ninguém quer dar a cara!) e de Cachet (não há dinheiro para pagar os intervenientes). "Não és homem, não és nada" é o decalque americano de "Queer eye for the straight guy", onde cinco especialistas gay (cultura, moda, etiqueta, etc) tem 3 meses para transformar um "trolha" hetero num cavalheiro.
Enquanto um concurso não arranca, outro já está na calha: "Senhora Dona Lady", com apresentação em estúdio do veterano Herman José e a participação da jovem promessa Sílvia Alberto nos exteriores, explora a ideia da TVI e põe concorrentes masculinos a comportarem-se como autênticos travecas durante 3 meses, fechados (supõe-se!) numa casa. Depilações, mini-saias, tiques corporais, timbre de voz, unhas, cabelos, make-up, tudo se quer na perfeição e conta para vencer as audiência de um público ávido de entretenimento barato.
A RTP ainda não entrou na gincana, mas pouco ou nada deverá poder fazer, a não ser estrear "L Word" (em carteira há um ano!) ou a segunda temporada do "Queer as folk" britânico, recambiado-os, como já aconteceu, para um horário obscuro da 2:.
Na RTP Memória, fala-se em repor a série "Reviver o passado em Brideshead", de 1981. É certo que os tempos eram outros, que os passeios eram mais alegres, mas também aqui já se piscava o olho á mariquiçe.
O que é facto é que, em 2005, as televisões continuam a cozinhar quase exclusivamente para uma população de enfarta-brutos e muito pouco nível de exigência. E como hoje-em-dia vale tudo na messe das televisões, se preciso, até se tira o avental para melhor espetar o rabo.

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