terça-feira, novembro 01, 2005

1755



Portugal, 01 de Novembro. 09h40.
A terra treme três vezes, num total de 17 minutos, calcula-se com magnitude de 8.7 na escala de Ritcher. O epicentro terá sido 200 kms a sudoeste do cabo de S.Vicente, numa zona montanhosa subaquática com 5 kms de altura.
Durante 24 horas, sucedem-se outras réplicas do sismo.
Ficaram destruidos, entre outros, 55 palácios e 50 igrejas e conventos.
A história conta sobretudo o que se passou na capital, mas foi o Algarve a zona mais atingida. Comemorava-se o dia de todos os santos, havia muita gente nas missas e as velas que homenageavam os mortos provocaram ínumeros incêndios, fazendo aumentar as vítimas (uma semana depois, a maior parte dos fogos não estava ainda extinto).
No mar, as ondas chegaram aos 6 metros de altura, havendo no momento bastantes navios atracados no porto. Oeiras e Cascais foram seriamente atingidos mas em Lisboa, o mar entrou pelo Chiado e arrastou embarcações terra adentro (em 1755, o rio chegava ao mosteiro dos Jerónimos).
O balanço saldou-se em quase 200 mil mortos.
A Europa ficou impressionada, Portugal assustou-se e Lisboa ficou destruida e deserta de vivos.
Contúdo, um ano depois, a cidade comecava a pôr-se de pé e as pessoas iniciavam o seu regresso, esquecendo o pânico e as horas de dôr.
Este "milagre" deve-se, em grande parte, a Sebastião José de Carvalho e Melo, no poder desde Agosto de 1750, que reagiu pronta e rapidamente á tragédia, colocando em práctica um plano de reconstrução de Lisboa. Um plano que mereceu o reconhecimento e admiração de futuras gerações, embora Manuel da Maia, de 77 anos na época, tenha sido, de facto, o arquitecto-mor da "gaiola pombalina" resistente aos sismos.
O Marquês popularizou-se por empreender medidas radicais, pouco vulgares para a época, como reprimir brutalmente os ladrões (expulsou-os de Lisboa e instaurando a lei marcial para acbar com as pilhagens e assaltos) e enfrentando a poderosa igreja catolica de então, que teimava em ver a tragédia como um castigo de Deus para remissão dos pecados. Chegou mesmo a ser apelidado do "Maquiavel Português". A história celebrizou-lhe a frase "Cuidar dos vivos e enterrar os mortos", em resposta á desorientada questão colocada pelo rei sobre o que fazer perante a tragédia.
Fruto de uma circunstância trágica, o prestígio do "Marquês de Pombal" acabou por transcender a conjectura do terramoto, tornando-se no único governante monárquico que cujo nome se sobrepôs, no imaginário popular, ao do soberano que serviu (a estátua equestre de D. José, no Terreiro do Passo é bem menos imponente que o monumento leonino da Rotunda).
Déspota, bajulador, visionário ou racionalista, em 2005 o "Marquês de Pombal" continua a ser um dos nomes maiores de referência na cidade.
Hoje, ás 9h30, 250 anos depois, todos os sinos da capital assinalam a data em simultâneo.

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