quarta-feira, julho 18, 2007
Paz de espírito
Foi o que fiz e, infelizmente, a realidade é muito complicada.
Vivo numa casa dependente do sol. Funciona! Tenho a calma do silêncio e só oiço os passarinhos. Funciona! Tenho terra suficiente para fazer um pouco de agricultura biológica. Funciona! Tenho animais que são felizes e me fazem feliz. Funciona! Tenho vizinhos simples e rurais. Não funciona! São na grande maioria velhos e analfabetos que por tudo e por nada despejam venenos (autorizados) nas suas culturas com a maior das boas consciências. Para eles, ter cães sem correntes de meio metro ao pescoço é uma irresponsabilidade e bizarria. Tenho três cães entre a vida e a morte porque ousaram roubar e comer umas ervas ao vizinho, que pulverizou a terra com um produto fatal, vendido a pessoas que não sabem ler os rótulos e não tem respeito pelos seres vivos e pelo meio ambiente. Ter crianças a brincar nos campos é crime. Não funciona! Ter os caçadores na nossa terra a darem tiros ao nosso lado não é crime. Não funciona! Ter um guarda da associativa de caça (com arma no cinto) sempre alcoolizado não é crime. Não funciona! Concluo que, em Portugal, ter qualidade de vida é viver num segundo esquerdo, plantar alfaces na varanda, ter cães em marquises, ter passarinhos numa gaiola e não saber quem é o vizinho.
Saudável, não é?"
.
O texto é da Madalena, que debandou para Torres Vedras.
A imagem/animação que ilustra esta fábula contemporânea é do Bruno.
http://www.bozzetto.com/neuro.htm
O dilema continua a ser meu.
Continuo a querer ficar por aqui, apesar da música "Casa no Campo" me fazer sonhar.
Afinal onde começa e acaba a qualidade de vida?
E temo-nos uns aos outros.
beijos
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