segunda-feira, setembro 24, 2007
Thirty, something
A revista “Visão” tem como título de capa “Ter 30 anos em Portugal” na mesma semana em que a minha turma de nôno ano se reencontra para jantar.
A frase surge a “bold”, no meio de um casal de ar imaculado que parece representar uma marca de pijamas. Desfeito o equívoco, percebe-se que ilustram afinal a tal geração que dá o mote à reportagem.
Os entrevistados têm todos 31 anos (à excepção de um dentista com 34) e a prosa, assente/justificada por dados estatísticos, diz que a malta de trinta e picos representa “os filhos da revolução tecnológica e de um pais sem fronteiras”.
Reportagem aparte, pelo que percebi no sábado, todos nós temos (ou a grande maioria tem) mais de 35. Ou seja, não coubemos nestas estatísticas e provavelmente não iremos caber na seguinte, a dos 40, a não ser que alguém se lembre de perceber como corre a vida à rapaziada dos 37 e 38 anos.
Caso existisse, a resposta seria semelhante aos corriqueiros “está tudo bem!” ou “vai-se andando!”que disparamos em automático, no frenesim do dia-a-dia, quando nos cruzamos com um amigo.
Mas convenhamos, não está tudo bem.
A verdade é que não sabemos muito bem o que fazer.
Isto é, alguns de nós não sabem.
(È normal não saber o que fazer. Acontece-me, por exemplo, quase todos os dias por volta da hora de jantar, quando abro o frigorífico...)
Esta sensação de desnorte vem do facto de sermos obrigados a reposicionarmo-nos constantemente, a desenrascar-nos, já que devemos ter sido a última geração a crescer com valores bem definidos, bem estruturados e com os “coisos” no sítio. O problema é que os ditos são actualmente esticados e espremido até ao limite, tal qual a conhecida personagem do “Quarteto fantástico”.
Os tempos “modernos” insistem em transformar-nos os tomates em polpa e os neurónios (para não falar no reumático) acusam já o desgaste. Afinal de contas, andamos nisto há anos e anos e não há maneira de avistar o fim da empreitada, que deveria chegar sob a forma da tão almejada “segurança” ou estabilidade, seja ela a que nível for.
Pelo meio, vão-se desculpando os descuidos dos outros, as nossas ausências, diz-se que a falta de tempo é o grande problema moderno, que é tudo demasiado rápido, que se vive “pela “rama”, que se comunica mal, que se ama pouco, etc. Talvez.
O que importa é que neste sábado, vivi por umas horas num tempo “emprestado” e percebi a enorme gratidão que, afinal, tenho para com o liceu.
Naquela altura, o “tempo” do relógio parecia infinito. Tanto que nem dava por ele, protegido por uma ingenuidade de outros tempos.
Hoje, quando olho para trás, há alturas em que sinto um nó na garganta e um aperto na alma porque sei que, por mais que regresse, não irei regressar nunca. E sigo em frente.
Domingo foi um dia estranho, nostálgico. E hoje, segunda-feira, tudo regressou ao normal, ao nosso tempo: ao dos Blogs ao invés dos diários, do Hi5 ao invés dos papéis trocados em segredo nas salas de aula, do Messenger que substitui as conversas nos cafés e pátios da escola, do Second Life que dá nova razão á existência e aos telemóveis, reais promotores de desencontros e atrasos, cada vez mais parecidos com os extintos “Pagers”, de tanta SMS que enviam.
Todas estas conquistas tecnológicas, geracionalmente transversais – o que é óptimo, implicam novos encaixes, novas mudança, o que comprova a nossa elasticidade e capacidade única de acertar o passo com tudo o que nos rodeia.
Fico genuinamente contente por perceber que a minha turma é aquela que ainda não segue a toque de caixa.
Somos grandes, malta, mesmo que as estatísticas não digam.
A frase surge a “bold”, no meio de um casal de ar imaculado que parece representar uma marca de pijamas. Desfeito o equívoco, percebe-se que ilustram afinal a tal geração que dá o mote à reportagem.
Os entrevistados têm todos 31 anos (à excepção de um dentista com 34) e a prosa, assente/justificada por dados estatísticos, diz que a malta de trinta e picos representa “os filhos da revolução tecnológica e de um pais sem fronteiras”.
Reportagem aparte, pelo que percebi no sábado, todos nós temos (ou a grande maioria tem) mais de 35. Ou seja, não coubemos nestas estatísticas e provavelmente não iremos caber na seguinte, a dos 40, a não ser que alguém se lembre de perceber como corre a vida à rapaziada dos 37 e 38 anos.
Caso existisse, a resposta seria semelhante aos corriqueiros “está tudo bem!” ou “vai-se andando!”que disparamos em automático, no frenesim do dia-a-dia, quando nos cruzamos com um amigo.
Mas convenhamos, não está tudo bem.
A verdade é que não sabemos muito bem o que fazer.
Isto é, alguns de nós não sabem.
(È normal não saber o que fazer. Acontece-me, por exemplo, quase todos os dias por volta da hora de jantar, quando abro o frigorífico...)
Esta sensação de desnorte vem do facto de sermos obrigados a reposicionarmo-nos constantemente, a desenrascar-nos, já que devemos ter sido a última geração a crescer com valores bem definidos, bem estruturados e com os “coisos” no sítio. O problema é que os ditos são actualmente esticados e espremido até ao limite, tal qual a conhecida personagem do “Quarteto fantástico”.
Os tempos “modernos” insistem em transformar-nos os tomates em polpa e os neurónios (para não falar no reumático) acusam já o desgaste. Afinal de contas, andamos nisto há anos e anos e não há maneira de avistar o fim da empreitada, que deveria chegar sob a forma da tão almejada “segurança” ou estabilidade, seja ela a que nível for.
Pelo meio, vão-se desculpando os descuidos dos outros, as nossas ausências, diz-se que a falta de tempo é o grande problema moderno, que é tudo demasiado rápido, que se vive “pela “rama”, que se comunica mal, que se ama pouco, etc. Talvez.
O que importa é que neste sábado, vivi por umas horas num tempo “emprestado” e percebi a enorme gratidão que, afinal, tenho para com o liceu.
Naquela altura, o “tempo” do relógio parecia infinito. Tanto que nem dava por ele, protegido por uma ingenuidade de outros tempos.
Hoje, quando olho para trás, há alturas em que sinto um nó na garganta e um aperto na alma porque sei que, por mais que regresse, não irei regressar nunca. E sigo em frente.
Domingo foi um dia estranho, nostálgico. E hoje, segunda-feira, tudo regressou ao normal, ao nosso tempo: ao dos Blogs ao invés dos diários, do Hi5 ao invés dos papéis trocados em segredo nas salas de aula, do Messenger que substitui as conversas nos cafés e pátios da escola, do Second Life que dá nova razão á existência e aos telemóveis, reais promotores de desencontros e atrasos, cada vez mais parecidos com os extintos “Pagers”, de tanta SMS que enviam.
Todas estas conquistas tecnológicas, geracionalmente transversais – o que é óptimo, implicam novos encaixes, novas mudança, o que comprova a nossa elasticidade e capacidade única de acertar o passo com tudo o que nos rodeia.
Fico genuinamente contente por perceber que a minha turma é aquela que ainda não segue a toque de caixa.
Somos grandes, malta, mesmo que as estatísticas não digam.
Comments:
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Temos valores e a noção de família que nos dão estrutura. Por isso, quando nos sentirmos perdidos, é só olhar para a bússula e a Luís Bívar está lá.
bjs
bjs
Charlie, charile... sabemo-nos de cor. :)
E X, beijinhos. Dá beijinhos e abraços, sabem melhor que os supapos.
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E X, beijinhos. Dá beijinhos e abraços, sabem melhor que os supapos.
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