sexta-feira, outubro 19, 2007
Meine liebe ... (I)
A RFM é uma rádio, líder de audiências há anos.
Dá música essencialmente a quem ainda não esgotou o “Take my breath away”, a quem gosta de iniciar o dia a ouvir os Savage Garden e para quem um regresso a casa só faz sentido ao som do Richard Marx.
A M80 é outra rádio. Novata no mercado, existe apenas há alguns meses, tem o espectro musical mais alargado e funciona como uma espécie de Rádio Nostalgia, mas mais jovem. Apesar da curta existência, e a confiar nas mais recentes sondagens, já pisca o olho e faz cócegas à audiência da frequência jovem da emissora católica portuguesa. Vai daÍ, ofendida e atenta, a RFM decidiu promover uma série de festas ao longo do verão, escudando-se nos êxitos fáceis dos anos 80. Jogou pelo seguro e os bailaricos lá foram acontecendo, quase sempre pela linha de Cascais, o antro do seu sustento. Ontem o processo de angariação de ouvintes culminou no Budha-bar em Lisboa, repleto de mais uma congregação de nostálgicos que nunca deve ter conhecido uma festa de quintal na adolescência.
Curiosamente (ou não), e apesar dos diferentes públicos, a música é exatamente a mesma que se ouve nas festas temáticas do Porto e Bairro Alto, templos habituais do revivalismo urbano. Quer dizer isto dizer, muito simplesmente, que betos e freaks bailam todos ao som do mesmo.
Spooky!
Dos Duran Duran ao “Enola Gay”, do “Karma Chameleon” á Kim Wilde, das Doce á Donna Summer, passando pelos infalíveis "Footloose", "Streets of fire", Abelha Maia e D´Artacão, a aberrante ideia do “cabe lá tudo” só encontra paralelo nas secções temáticas de Dvd´s da Fnac ou num bom filme holandês para maiores de dezoito.
Nem nas docas, nem no bairro ou no Porto parecem ter existido alguma vez uns Spandau Ballet, Classix Noveaux, China Crisis ou até mesmo o bom do "Pátcholi".
A rapaziada que dá música ao povo insiste, preguiçosamente, em passar sempre o mesmo, num alinhamento enfadonho e previsível. Quem curte a coisa, pelos vistos, não se chateia lá muito e vai pulando frenéticamente, de braços no ar, até à exaustão (continua a ser impossivel encontrar uma qualquer festa dos anos 80 que não esteja à pinha).
Pessoal e profissionalmente, já dei para este peditório, o que não invalida que me irrite o bimbalhismo e espírito de carneirada associados a esta praga que teima em não arredar pé da cultura noctívaga (até no Lux já ouvi os Dead or Alive para desemperrar um enguiçado arranque de noite...).
Parece que em Portugal, e ao contrário do que aconteceu lá fora, o filão dos "eighties" não tem prazo de validade. Mas, e ao contrário do que aconteceu lá fora, uma das décadas mais interessantes da história musical (e da cultura Pop) esgota-se aqui ciclicamente em meia dúzia de nomes, vítima da ignorância de uns, pela qual pagam todos aqueles que continuam a acalentar a esperança de, um dia, no rádio ou na discoteca, voltarem a ouvir “o” tema que lhes marcou a adolescência.
Só volto a meter os pés numa festa dos anos 80 se alguém tiver a coragem de passar a Maria Armanda, o “Holiday rap”, uma tema menos óbvio da Sheena Easton ou quando se lembrarem de reabilitar os slows na pista de dança. Ou ainda, num caso extremo, se alguma alma se lembrar que os senhores abaixo existiram.
(estou disposto a pagar, se necessário, para voltar a ouvir este portento - este ou qualquer outro tema do álbúm).
Dá música essencialmente a quem ainda não esgotou o “Take my breath away”, a quem gosta de iniciar o dia a ouvir os Savage Garden e para quem um regresso a casa só faz sentido ao som do Richard Marx.
A M80 é outra rádio. Novata no mercado, existe apenas há alguns meses, tem o espectro musical mais alargado e funciona como uma espécie de Rádio Nostalgia, mas mais jovem. Apesar da curta existência, e a confiar nas mais recentes sondagens, já pisca o olho e faz cócegas à audiência da frequência jovem da emissora católica portuguesa. Vai daÍ, ofendida e atenta, a RFM decidiu promover uma série de festas ao longo do verão, escudando-se nos êxitos fáceis dos anos 80. Jogou pelo seguro e os bailaricos lá foram acontecendo, quase sempre pela linha de Cascais, o antro do seu sustento. Ontem o processo de angariação de ouvintes culminou no Budha-bar em Lisboa, repleto de mais uma congregação de nostálgicos que nunca deve ter conhecido uma festa de quintal na adolescência.
Curiosamente (ou não), e apesar dos diferentes públicos, a música é exatamente a mesma que se ouve nas festas temáticas do Porto e Bairro Alto, templos habituais do revivalismo urbano. Quer dizer isto dizer, muito simplesmente, que betos e freaks bailam todos ao som do mesmo.
Spooky!
Dos Duran Duran ao “Enola Gay”, do “Karma Chameleon” á Kim Wilde, das Doce á Donna Summer, passando pelos infalíveis "Footloose", "Streets of fire", Abelha Maia e D´Artacão, a aberrante ideia do “cabe lá tudo” só encontra paralelo nas secções temáticas de Dvd´s da Fnac ou num bom filme holandês para maiores de dezoito.
Nem nas docas, nem no bairro ou no Porto parecem ter existido alguma vez uns Spandau Ballet, Classix Noveaux, China Crisis ou até mesmo o bom do "Pátcholi".
A rapaziada que dá música ao povo insiste, preguiçosamente, em passar sempre o mesmo, num alinhamento enfadonho e previsível. Quem curte a coisa, pelos vistos, não se chateia lá muito e vai pulando frenéticamente, de braços no ar, até à exaustão (continua a ser impossivel encontrar uma qualquer festa dos anos 80 que não esteja à pinha).
Pessoal e profissionalmente, já dei para este peditório, o que não invalida que me irrite o bimbalhismo e espírito de carneirada associados a esta praga que teima em não arredar pé da cultura noctívaga (até no Lux já ouvi os Dead or Alive para desemperrar um enguiçado arranque de noite...).
Parece que em Portugal, e ao contrário do que aconteceu lá fora, o filão dos "eighties" não tem prazo de validade. Mas, e ao contrário do que aconteceu lá fora, uma das décadas mais interessantes da história musical (e da cultura Pop) esgota-se aqui ciclicamente em meia dúzia de nomes, vítima da ignorância de uns, pela qual pagam todos aqueles que continuam a acalentar a esperança de, um dia, no rádio ou na discoteca, voltarem a ouvir “o” tema que lhes marcou a adolescência.
Só volto a meter os pés numa festa dos anos 80 se alguém tiver a coragem de passar a Maria Armanda, o “Holiday rap”, uma tema menos óbvio da Sheena Easton ou quando se lembrarem de reabilitar os slows na pista de dança. Ou ainda, num caso extremo, se alguma alma se lembrar que os senhores abaixo existiram.
(estou disposto a pagar, se necessário, para voltar a ouvir este portento - este ou qualquer outro tema do álbúm).