quinta-feira, outubro 11, 2007
Superstar(s)
Quando se assobia uma canção em "repeat", não é grave. Um magote de gente, confinada ao mesmo espaço, a trauteiar a mesma coisa durante uma manhã, já faz o caso mudar de figura.
No outro extremo, estão os Radiohead, a pandilha de Thom Yorke.
Lancaram na passada segunda feira um novo álbum, "In rainbows" e marimbaram-se, pura e simplesmente, para os aspectos convencionais da promoção: não há fotos novas, entrevistas ou concertos imediatos da banda. Nada, a não ser canções que podem ser adquiridas, não em lojas, mas exclusivamente através do site do grupo, mediante o pagamento de qualquer importância. Isto é, cada um dá o que entender para ter acesso ao disco, via download. Ou seja, cinquenta, dez ou mesmo por zero euros é possível agora comprar oficialmente um álbum sem prejuizo para a banda.
Negócio da China?
O primeiro single do novo álbum de David Fonseca presta-se a isso: é orelhudo q.b., estrategicamente radiofónico, facilmente trauteável e massificável. Mas não só. Mais do que a música, o que importa reter e louvar no regresso do ex-Silence 4 é o trabalho e esforço de promoção levado a cabo pelo artista: ás 11 da manhã de hoje, estava na Sic notícias como convidado da revista de imprensa; á tarde será entrevistado na Radar. Na última semana, passou ainda por quase todas as televisões, rádios, jornais e revistas. Associou ainda a música em toques polifónicos e a cara a telemóveis, tem relatos diários da sua vida em Webisódios difundidos em site próprio, escreve regularmente num blog e tem uma página no mySpace. Correu a cadeia das Fnacs numa promoção cerrada e prepara-se, daqui a umas semanas, para entrar em digressão. Nada pareçe ter falhado nesta campanha concertada e, ainda por cima, apoiada num disco é bom (oiça-se "Kiss me, oh, kiss me" ou a regravação de "Rocket man", de Elton John).
Quer se goste ao não, traduza-se em vendas ou não, há que reconhecer o mérito profissional e o empenho pessoal de David Fonseca.
Há poucos assim.
Quer se goste ao não, traduza-se em vendas ou não, há que reconhecer o mérito profissional e o empenho pessoal de David Fonseca.
Há poucos assim.
Posto isto, é fácil perceber porque é que se assobia em pandilha.
Falta agora que a mesma consiga ultrapassar o assobio e chegar, pelo menos, ao refrão.
Falta agora que a mesma consiga ultrapassar o assobio e chegar, pelo menos, ao refrão.
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No outro extremo, estão os Radiohead, a pandilha de Thom Yorke.
Lancaram na passada segunda feira um novo álbum, "In rainbows" e marimbaram-se, pura e simplesmente, para os aspectos convencionais da promoção: não há fotos novas, entrevistas ou concertos imediatos da banda. Nada, a não ser canções que podem ser adquiridas, não em lojas, mas exclusivamente através do site do grupo, mediante o pagamento de qualquer importância. Isto é, cada um dá o que entender para ter acesso ao disco, via download. Ou seja, cinquenta, dez ou mesmo por zero euros é possível agora comprar oficialmente um álbum sem prejuizo para a banda.
Negócio da China?
Os Radiohead perceberam, tal como o haviam feito Prince e Madonna, que de há anos a esta parte, o lucro provém dos concertos e não da venda de discos. Logo, asseguraram o acesso directo a ele, eliminando, com esta manobra, editoras discográficas, distribuidoras, retalhistas, designers gráficos, promotores e toda uma série de estruturas que funcionam desde sempre e que caiem agora por terra.
O maior número de baixas surgirá nas editoras discográficas, vítimas da sua gula desenfreada e da incapacidade de se reajustarem aos tempos modernos.
O maior número de baixas surgirá nas editoras discográficas, vítimas da sua gula desenfreada e da incapacidade de se reajustarem aos tempos modernos.
Mas há mais problemas: por exemplo, se já se podem comprar canções a custo zero, para que servem o ITunes e afins? E qual é, futuramente, o papel real da venda de música on-line?
Enquanto o efeito bola de neve só agora se comecam a fazer sentir, os Nine Inch Nails e Manu Chao, entre outros, acharam tanta piada á brincadeira que já prometeram seguir o exemplo.
Não deverão ser os únicos... nem os últimos a rir.