quinta-feira, novembro 09, 2006

Ice age

Imagine-se o planeta como um ecossistema.
Complexo, fascinante, onde tudo se encaixa e interrelaciona ao mais ínfimo pormenor.
Tal e qual o corpo humano.
Ao menor indicador dum problema, este manifesta sinais.
É certo e sabido que o planeta não está bem.
O diagnóstico não é de hoje.
No entanto, os indícios duma enfermidade global continuam a ser desprezados em prol das economias e do umbigo.
E a coisa agrava-se de dia para dia até ao ponto em que não será possível ignora-la ou remedia-la sequer.
Desde a revolução industrial até hoje, a temperatura global aumentou 1 grau.
Nos próximos 50 anos, espera-se que aumente mais 4, se a produção de dióxido de carbono não for seriamente travada.
Os indicadores duma catástrofe iminente estão nos telejornais de todos os dias:as águas oceânicas estão a aquecer, a corrente do golfo está enfraquecida e o El nino afecta as chuvas e o vento.
Os furacões aumentam de intensidade e sem o Anticiclone dos Açores (que entretanto desapareceu), estes não se extinguem na América e entram pelo Oceano dentro (este ano chegou o primeiro furacão ás ilhas). Quando perdem força, lá se transformam em tempestades tropicais. E nunca se viram tantas como agora.
Oitenta por cento dos bancos de coral do planeta desapareceu.
Uma em cada dez espécies está à beira da extinção.
Os sismos e as erupções vulcânicas proliferam, lançando porcaria para uma atmosfera já debilitada na camada de Ozono e fazendo aumentar o efeito de estufa. Sem este escudo de protecção, não é difícil imaginar um enorme gerador de micro-ondas (o sol) a pairar a oito kilómetros de distância.
Estudos indicam que o sul de Portugal terá na próxima década um clima semelhante a Marrocos e ainda hoje, de norte a sul, andámos de t-shirt em pleno Novembro.
As bússolas deixaram há muito de ser eficazes porque o norte magnético está desregulado, os pólos continuam a aquecer, o dióxido de carbono na atmosfera aumenta e provoca acidez e subida de nível nas águas do mar, o que por sua vez gera inundações em série nalguns países, ao passo outros se debatem com a escassez da chuva sob um sol avassalador.
Pode parecer ficção.
Não é.
O cenário é actual e tende a piorar.

Um filme de Hollywood dava há dois anos uma ideia da catástrofe e descrevia, em duas horas, um cenário que pode ainda demorar décadas mas que, por esta altura, já é irreversível.
A maior migração da história dar-se-á seguramente um destes dias.
O dia depois de amanhã infelizmente já começou ontem.

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